No programa Saúde no Ar para discutir o tema com a população baiana, levando em conta a emergência desta pauta. Hoje, traremos mais algumas informações sobre o fenômeno da violência contra as pessoas idosas, no sentido ampliarmos o entendimento coletivo e, principalmente, garantirmos os direitos humanos deste segmento estratégico, o qual é bastante negligenciado, não apenas pelos poderes públicos mas por toda sociedad
Podemos dizer que a população idosa é vítima de uma visão preconceituosa bastante disseminada em nossa cultura, de que a velhice é uma etapa da vida pouco importante, sem vinculações ao progresso, em face da degeneração natural do corpo e a redução da expectativa de vida. Por causa disso, as pessoas idosas são vistas como pouco capazes, ranzinzas, problemáticas, sem possibilidade de desenvolver trabalho ou qualquer ação útil. Considerados como imprestáveis, os atos de violência contra si praticados não são encarados com a seriedade que mereciam, muitos dos quais nem chegam a ser apurados.
No último dia 15 de junho, comemorou-se o dia Mundial de Conscientização da Violência contra a Pessoa Idosa e a Patrícia Tosta recebeu convidados no pr
Entendimentos como estes são absurdamente disseminados, ao invés de combatidos. Passam ao largo da perspectiva que, para mim, seria a mais lógica e aceitável: buscar medidas que garantam o envelhecimento digno significa respeitar os meus ancestrais queridos – mãe, pai, avô e avó – e também preservar a minha própria dignidade quando eu envelhecer. Afinal, todos nós, se não morrermos jovens, envelheceremos. E porque não possibilitar que esta etapa da vida seja aproveitada com plenitude? E mais, de acordo com o IBGE, a expectativa é de que, em 2050, o nosso país conte com duas vezes mais idosos do que criança. Já passou da hora de mudarmos nossa postura!
As denúncias de violação aos direitos das pessoas idosas crescem a cada dia e várias são as formas de violência que lhes atingem, a exemplo da física, psíquica, patrimonial e a negligência, seja ela familiar ou institucional. De acordo com o Ministério dos Direitos Humanos (2017), 80% dos casos de violência contra a pessoa idosa acontece dentro de suas casas, praticados por seus familiares, aqueles que deveriam buscar protegê-los. Neste ambiente, é comum o uso da força física para intimidá-los ou conter alguma ação indesejada o que, muitas vezes, acabam gerando lesões graves ou levando à morte. Outro tipo de violência muito comum dentro de casa é a negligência ou desassistência. Muitas vezes, a pessoa idosa precisa de um cuidado especial, o qual não é empregado; e, em outras situações, faltam os cuidados básicos como higiene, alimentação, vestuário, administração de remédios.
Com a elevação da pobreza e o aumento do desemprego, tem ampliado os casos de exploração imprópria e abusiva dos recursos financeiros da pessoa idosa. As famílias, sob a alegação do cuidado, acabam por dilapidar o dinheiro da aposentadoria, sem revertê-lo em benefício do próprio interessado. Não podemos esquecer que, infelizmente, também tem crescido os casos de abuso
sexual contra pessoas idosas, onde as mulheres majoritariamente as vítimas. Muitas vezes aproveitando de alguma dificuldade motora ou psíquica, em outros casos através de intimidação física ou verbal, parentes, cuidadores, dentre outros acabam por violentar sexualmente a pessoa idosa que tem muita dificuldade em denunciar este tipo de crime.
Infelizmente, na Bahia só existe uma Delegacia Especializada em Atendimento à Pessoa Idosa, que fica em Salvador, no bairro dos Barris. A falta de estrutura, principalmente de equipe multidisciplinar especializada, além de policiais e viaturas, acabam por dificultar as operações na Capital. Também não há um plano estadual com metas para garantir uma maior conscientização (caráter preventivo), bem como a proteção deste segmento estratégico.
Para denunciar os casos de violência contra pessoa idosa, nos outros municípios baianos, qualquer pessoa pode procurar uma delegacia comum. Outra medida seria procurar os Centros de Referência Especializados da Assistência Social – CREAS, os quais contam com equipe multidisciplinar e podem dar o suporte direto às vítimas, bem como contribuir com o encaminhamento das denúncias às autoridades competentes. Nesses casos, uma outra saída seria o de buscar o promotor de justiça de sua cidade para registrar a situação, já que o Ministério Público também age em defesa dos idosos. Por fim, seja nas violações dos direitos humanos da pessoa idosa ou qualquer outra, é possível denunciar gratuitamente e por telefone através do disque 100.
E lembre-se, combater a violência contra a pessoa idosa é preservar o meu, o seu, o nosso envelhecimento digno!
Sou Anhamona de Brito, com o Programa Saúde no Ar e você, por uma nova cultura: Direitos Humanos pra Valer!
Ouça o comentário completo de Anhamona de Brito, no áudio abaixo: