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2,1 bilhões de pessoas no mundo não têm acesso a serviços de abastecimento de água potável

UNICEF e OMS divulgam as primeiras estimativas globais sobre água, saneamento e higiene em relação aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. No mundo, são 2,1 bilhões sem água potável e 4 bilhões sem saneamento seguro.

Genebra/Nova Iorque, 13 de águjulho de 2017 – Cerca de três a cada dez pessoas em todo o mundo, ou 2,1 bilhões de pessoas, não têm acesso a serviços de abastecimento de a potável, facilmente acessível em casa, e seis a cada dez, ou 4 bilhões, não dispõem de saneamento gerido com segurança, de acordo com um novo relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF).

O relatório do Programa Conjunto de Monitoramento (JMP): Progress on Drinking Water, Sanitation and Hygiene: 2017 Update and Sustainable Development Goal Baselines (disponível somente em inglês) apresenta a primeira avaliação mundial sobre serviços de água potável e saneamento “geridos de forma segura”. A principal conclusão é de que pessoas demais continuam sem acesso a esses serviços, principalmente em zonas rurais.

No Brasil
Segundo o relatório lançado hoje, 97% da população brasileira tem acesso a água potável, mas só 86% possuem serviços de saneamento básico. Aqui também as disparidades são grandes entre as zonas urbana e rural. Enquanto 91% da população urbana conta com saneamento básico, apenas 58% da população tem acesso a esses serviços na zona rural. O mesmo acontece em relação a água potável, com 99% da população urbana acessando esse serviço, contra 87% na zona rural.

“A melhoria de acesso a água potável e saneamento é uma das metas do programa do Selo UNICEF. Uma das principais estratégias do UNICEF no Semiárido é a iniciativa Toda Escola com Água de Qualidade, Banheiro e Cozinha, para garantir o direito das crianças e dos adolescentes a água potável e saneamento e a crescer com saúde”, disse a representante do UNICEF no Brasil, Florence Bauer.

Durante a última edição do Selo UNICEF (2013-2016), 2.710 escolas de 241 municípios realizaram alguma intervenção em sua infraestrutura para melhorar as condições de saneamento básico, beneficiando mais de 500 mil meninos e meninas. Destes, 72 municípios se destacaram por reunir boas práticas em projetos de saneamento e de educação para a convivência com o Semiárido.

“Ter acesso a água potável, saneamento e higiene em casa não deveria ser um privilégio apenas dos ricos ou dos que vivem em centros urbanos”, diz Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS. “Esses são alguns dos serviços mais básicos para a saúde humana, e todos os países têm a responsabilidade de assegurar que todos possam ter acesso a eles”.

Bilhões de pessoas obtiveram acesso a serviços básicos de água potável e saneamento desde 2000, no entanto, esses serviços não fornecem necessariamente água e saneamento seguros. Também muitas casas, centros de saúde e escolas ainda não dispõem de água e sabão para a lavagem das mãos. Essa situação põe a saúde de todas as pessoas – mas principalmente das crianças pequenas – em risco de doenças, como a diarreia.

Como consequência, 361 mil crianças menores de 5 anos morrem anualmente devido à diarreia. O saneamento precário e a água contaminada também estão associados à transmissão de doenças como cólera, disenteria, hepatite A e febre tifoide.

“Água potável, saneamento eficaz e higiene são fundamentais para a saúde de cada criança e cada comunidade – e, por isso, essenciais para a construção de sociedades mais fortes, mais saudáveis e mais equitativas”, afirmou Anthony Lake, diretor executivo do UNICEF. “Ao melhorarmos, hoje, esses serviços nas comunidades mais desfavorecidas e para as crianças mais desfavorecidas, estamos dando-lhes uma oportunidade mais justa para que possam ter um futuro melhor”.

Desigualdades significantes persistem
A fim de reduzir as desigualdades globalmente, os novos ODS apelam pelo fim da defecação ao ar livre e para que seja assegurado o acesso universal aos serviços básicos até 2030.

Dos 2,1 bilhões de pessoas que não dispõem de água gerida de forma segura, 844 milhões não têm nem mesmo acesso a serviços básicos de água potável. Esse número inclui 263 milhões de pessoas que gastam mais de 30 minutos para chegar ao ponto de abastecimento de água mais próximo e 159 milhões que continuam a beber água não tratada de fontes de água de superfície, como riachos ou lagos.

Em 90 países, os progressos em matéria de saneamento básico são muito lentos, o que significa que esses países não atingirão a cobertura universal até 2030

Dos 4,4 bilhões de pessoas que não têm acesso a um saneamento gerido de modo seguro, 2,3 bilhões ainda não dispõem de serviços básicos de saneamento. Esse número inclui 600 milhões de pessoas que partilham banheiros ou latrinas com outras famílias, e 892 milhões de pessoas – principalmente em zonas rurais – que defecam ao ar livre. Devido ao crescimento populacional, essa prática está aumentando na África ao sul do Saara e na Oceania.

As boas práticas de higiene são a maneira mais simples e eficaz de evitar a propagação de doenças. Pela primeira vez, os ODS estão monitorando a porcentagem de pessoas que dispõem de instalações para lavar as mãos em casa com água e sabão. De acordo com o novo relatório, o acesso a água e sabão para lavagem das mãos varia consideravelmente nos 70 países com dados disponíveis, oscilando entre 15% da população na África ao sul do Saara e 76% na Ásia Ocidental e no Norte de África.

Outras conclusões-chave do relatório incluem:

  • Muitos países não dispõem de dados sobre a qualidade dos seus serviços de água e saneamento. O relatório inclui estimativas de 96 países sobre água potável gerida de forma segura e de 84 países sobre saneamento gerido de modo seguro. Não existem esses dados sobre água potável gerida com segurança no Brasil.
  • Nos países em situação de conflitos ou de instabilidade, as crianças têm quatro vezes menos probabilidade de usufruir de serviços básicos de água e duas vezes menos probabilidade de se beneficiar de serviços básicos de saneamento do que as crianças que vivem em outros países.
  • Existem grandes disparidades em relação a esses serviços entre as zonas urbanas e rurais. Duas em cada três pessoas com acesso a água potável gerida de forma segura, e três em cada cinco que dispõem de serviços de saneamento geridos com segurança vivem em áreas urbanas. Dos 161 milhões de pessoas que utilizam águas de superfície não tratadas (de lagos, rios ou canais de irrigação), 150 milhões vivem em zonas rurais.

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