A Organização Mundial da Saúde (OMS) alerta que 20 milhões de pessoas “necessitam desesperadamente de ajuda humanitária e sanitária“, 15 milhões delas estão nas regiões do norte afetadas pelo conflito em Tigray.
“Entre março e agosto, durante a trégua humanitária, pudemos enviar alguma ajuda, embora uma pequena quantidade”, disse. Observando que nas regiões onde os casos de malária aumentaram 80%, tiveram de suspender os seus programas de assistência.
De acordo com a diretora, a OMS precisou limitar os programas de vacinação contra a covid-19 à capital do Tigray, Mekele. Ainda segundo, Ilham, apenas 10% das crianças podem participar em programas de imunização naquela região.
As duas regiões da Etiópia vizinhas do norte de Tigray, Afar e Ahmara, também apresentaram problemas humanitários. Nestas áreas as taxas de desnutrição chegam a atingir 40% em crianças menores de 5 anos. Em Tigray, o nível de insegurança alimentar atinge 89% da população total, segundo dados do Programa Alimentar Mundial das Nações Unidas (PAM).
Conflito
O conflito no Tigray começou no início de novembro de 2020 quando o primeiro-ministro etíope, Abiy Ahmed, enviou o exército federal, apoiado por forças regionais de Amhara e do exército da Eritreia, para desalojar as autoridades rebeldes da região, a Frente de Libertação do Povo Tigray (TPLF, na sigla em inglês).
A TPLF dominou a coligação governante da Etiópia durante décadas antes de Abiy chegar ao poder, em 2018. Contudo, após cinco meses de tréguas humanitárias, os combates foram retomados em 24 de agosto.
O Tigray está isolado do resto do país e privado de eletricidade, redes de telecomunicações, serviços bancários e combustível. A entrada de ajuda humanitária por via rodoviária e aérea também tem passado por interrupções desde da retomada dos combates.
O resultado do conflito, que se desenrola em grande parte fora dos olhares mediáticos, é desconhecido. A embaixadora dos EUA na Organização das Nações Unidas (ONU), Linda Thomas-Greenfield, estimou que em dois anos “morreram até meio milhão de pessoas”.
Com o conflirto, a imprensa não tem acesso ao norte da Etiópia e as comunicações operam de forma desordenada na região, impossibilitando qualquer verificação independente das informações.