“Novembro Azul é o ano todo”, decretou o urologista Modesto Jacobino, diretor da clínica que leva o seu nome, no Litho Center, ao participar da mesa-redonda do programa Saúde no Ar sobre câncer de próstata, em companhia do colega Breno Dauster, chefe do Setor de Urologia do Hospital Aristides Maltez.
Entrevistados por Patrícia Tosta nesta sexta-feira (06.11), os dois urologistas falaram sobre a importância da prevenção do câncer de próstata e da letalidade da doença, quando não tratada a tempo, através das ondas da Rádio Excelsior (AM 840) e da rádio web do Portal Saúde no Ar.
Falta uma política pública para os homens
Para o Dr. Modesto Jacobino, é lamentável que não exista uma política pública voltada para os homens no Brasil. “Isso só existe no papel”, afirmou cobrando a criação de uma política de saúde “séria” para o homem brasileiro que, segundo ele, não tem onde se tratar:
-Para fazer uma biópsia da próstata em Salvador pelo SUS é um Deus nos acuda. A pessoa vai passar meses e meses até poder se consultar com um urologista, isso se não levar anos. A doença não espera e toma conta da pessoa, enfatiza.
A Bahia é um exemplo da falta de urologistas. Embora em Salvador existam o Hospital das Clínicas e o Cicam que fazem exames de próstata, apenas alguns postos de Atenção Básica têm urologistas entre seus profissionais, conforme Dr. Breno.
No interior do estado, a situação em relação à saúde pública masculina é muito pior, e de acordo com o Dr.Dauster o ideal seria que os homens pudessem fazer exames anuais de próstata como as mulheres fazem em relação às mamas.
Em relação ao câncer de próstata, segundo ele, o Hospital Aristides Maltez atende os pacientes para o tratamento ou para a cirurgia para retirada da próstata e eles precisam já ter o diagnóstico. “Trinta por cento dos casos já chegam em estado avançado”, salienta.
“A covardia leva à morte”
O preconceito em relação ao exame do toque retal ainda é grande, mas está diminuindo à medida que os homens vão se conscientizando da importância da prevenção. “O diagnóstico precoce, afirma Dr. Jacobino, dá 90% de chance de cura pois o câncer de próstata é silencioso e quando os sintomas aparecem é porque o caso já se agravou”.
Para ele, se o paciente, mesmo diagnosticado, não se cuidar, vai ter problemas em outros órgãos, pois o câncer de próstata pode causar a perda da função dos rins, destrói a coluna, destrói os ossos, destruindo inclusive os familiares do doente que acabam participando seu sofrimento.
As vantagens de se detectar o tumor nas fases iniciais livra o paciente de problemas como incontinência urinária e impotência sexual, lembra Dauster, para quem aqueles que tiveram casos desse tipo de câncer na família devem realizar o exame mais cedo.
Os médicos concordaram que apenas o PSA ou Antígeno Prostático Específico (em inglês Prostate Specific Antigen), um exame de sangue usado como ferramenta para o diagnóstico da presença de câncer de próstata, não serve para detectar o tumor. O toque retal é fundamental para perceber o estado da glândula.
”Pegue no seu nariz e aperte. A percepção que se tem é a mesma da próstata saudável.Depois pegue num dedo e aperte. Ele é duro. É assim que fica a próstata doente”, ensinou Jacobino mostrando a importância do toque retal.
Durante o programa, vários ouvintes ligaram para elogiar o programa e fazer perguntas sobre o câncer. Um deles contou que há três meses que tenta fazer o exame, que já foi ao Cicam, mandaram ele para outro lugar e que ele não sabe mais o que fazer. Dr. Jacobino mandou que ele o procurasse no seu consultório, no Litho Center, pois atende gratuitamente 12 pacientes das 7 às 8 horas e lembrou: “A covardia leva à morte”.
O programa Saúde no Ar é apresentado diariamente das segundas às sextas-feiras, temporariamente às 10 horas enquanto durar o horário de verão, voltando para o seu horário normal às 8 horas a partir de fevereiro. Os ouvintes podem participar das entrevistas ligando para fazer perguntas através do telefone 3328.7666 ou do WhatsApp 9681.3998.
Portal Saúde no Ar
A.V
