No mês em que se comemora o Dia das Mães, a mortalidade materna ainda permanece como um dos principais desafios para a Bahia e o país. Esse é um dos objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), iniciativa global voltada à redução da mortalidade materna evitável entre os anos de 2016 e 2030 para chegar à proporção de 70 mortes maternas por 100 mil nascidos vivos. Atualmente, a razão de morte materna global situa-se em torno de 210 mortes por 100 mil nascidos vivos. A Fundação José Silveira contribui com ações voltadas para atingir essa meta, por meio de ações como assistência à gravidez de alto risco, acompanhamento pré-natal e promoção do parto seguro. Problemas como doenças hipertensivas na gestação, deficiências nutricionais e hemorragias podem ser evitáveis com o acompanhamento de saúde adequado. Quem pode falar sobre o tema é a obstetra e coordenadora médica do Hospital Santo Amaro, Dra. Socorro Gomes.
Dados Gerais– Dados do Ministério da Saúde indicam que foram contabilizados 38.433 óbitos de mulheres em idade fértil e óbitos maternos, em 12 dos principais municípios baianos, entre os anos de 2004 a 2014. A morte na gravidez e na fase pós-parto (puerpério) representou 41% das mortes maternas (21.797) e Salvador concentrou o maior número de casos, 11.998, o que representa 55,5% do total.
Tabela 1: Óbito de Mulheres em Idade Fértil e Óbitos Maternos-Bahia, 2004-2014. |
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Município |
CID-10 (Gravidez, parto e puerpério) |
Escolaridade |
Tipo de Causa Obstétrica |
Morte na Gravidez e Puerpério |
TOTAL |
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Camaçari |
27 |
772 |
51 |
928 |
1778 |
|
Feira de Santana |
62 |
892 |
127 |
2245 |
3326 |
|
Ilhéus |
31 |
297 |
72 |
882 |
1282 |
|
Itabuna |
21 |
982 |
66 |
1048 |
2117 |
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Juazeiro |
44 |
569 |
66 |
794 |
1473 |
|
Lauro de Freitas |
15 |
580 |
42 |
768 |
1405 |
|
Porto Seguro |
21 |
433 |
55 |
548 |
1057 |
|
Salvador |
273 |
8146 |
914 |
11998 |
21331 |
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Simões Filho |
14 |
463 |
38 |
600 |
1115 |
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Teixeira de Freitas |
16 |
446 |
52 |
662 |
1176 |
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Vitória da Conquista |
35 |
960 |
54 |
1324 |
2373 |
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Total |
559 |
14540 |
1537 |
21797 |
38433 |
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Fonte: MS/SVS/CGIAE -Sistema de Informações sobre Mortalidade |
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Parto Humanizado no SUS- Questões que podem parecer detalhes para alguns, na verdade fazem parte de um dos pilares da Rede Cegonha, estratégia do Ministério da Saúde para incentivar não só o parto humanizado, mas também qualificar e garantir o acompanhamento das mãe e bebês.
Segundo dados do Ministério da Saúde, atualmente a Rede Cegonha desenvolve ações em 5.488 municípios, alcançando mais de 2,5 milhões de gestantes. Para incentivar o parto normal, a Estratégia Rede Cegonha possui atualmente 13 Centros de Parto Normal (CPN) habilitados, segundo suas diretrizes de atenção ao parto e nascimento.
Respeito no parto é forma de empoderamento– A coordenadora da Saúde da Mulher do Ministério da Saúde, Esther Vilela, acredita que há várias outras formas de dar lugar e voz as mulheres na saúde, mas que os direitos reprodutivos e sexuais têm grande importância. A qualificação das equipes médicas para uma outra experiência do nascimento, com respeito ao direito da mulher, melhoram o parto e diminuem os números de mortalidade neonatal.
“Os direitos das mulheres na saúde não devem começar e acabar no parto. O intuito é atender o parto da forma que as mulheres merecem. É isso que a Rede Cegonha propõe, com uma série de ações para mudar o modelo de atenção ao parto e nascimento, como a criação das Casas de Parto Normal, inclusão das enfermeiras-obstetras nos partos de baixo risco e para as boas práticas no geral”, observa.
Esther explica ao Portal Brasil, que o parto humanizado tem quatro pilares: o da beneficência, das evidências científicas, nos direitos das mulheres e das crianças e, em primeiro lugar, em não ser nocivo. “As práticas do parto visto como algo mecânico é nocivo para essa mulher e para a criança. O cuidado deve ser centrado na mulher e na sua família. Ela precisa se sentir segura e acolhida, tudo isso no ambiente de respeito no evento que seja dela, isso é o principal”.