O Governo Brasileiro reforçou, nesta quinta-feira (04), a importância dos países ampliarem seus compromissos políticos com a nutrição e, em especial, no enfrentamento a má nutrição e suas consequências, durante a abertura da 2ª edição do Evento de Alto Nível da Iniciativa Nutrição para o Crescimento (Nutrition for Growth).
Na ocasião, o ministro da Saúde, Ricardo Barros, destacou que todas as autoridades mundiais precisam enfrentar os desafios da desnutrição e da obesidade infantil. Para isso, de acordo com o ministro, são necessárias políticas de saúde e intersetoriais que atuem sobre seus determinantes, unindo esforços de governos, organizações internacionais, parlamentares e sociedade civil.
“Nós temos, no Brasil, 7% de desnutrição e 20% de obesidade. Então, a discussão precisa ser de forma mais ampla, englobar a desnutrição, mas também a obesidade. Temos que discutir o cuidado que precisamos ter na saúde pública”, defendeu.
Notícias relacionadas
Amamentar faz bem à saúde da mãe
Kits para tratamentos da hepatite C
O Nutrition for Growth (Nutrição para Crescimento) ocorre pela primeira vez no Brasil. O objetivo é promover o compromisso político global pela nutrição, aumentando os recursos investidos e trazendo Governo e sociedade para trabalharem no progresso das metas e compromissos globais de nutrição. No Brasil, a Iniciativa Nutrição para o Crescimento irá promover discussões sobre formas de alcance das metas globais e melhorias da nutrição, principalmente da infância. O primeiro encontro ocorreu em Londres, em 2012, para apoiar políticas de nutrição, segundo os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável 2 e 3 (erradicação da fome e garantia de vida saudável), e o enfrentamento a má nutrição (desnutrição, carências de micronutrientes e obesidade).
A diretora-geral da Organização Mundial de Saúde (OMS), Margareth Chan, parabenizou o Brasil pela realização do evento juntamente com o Reino Unido. “Estamos em um momento político muito importante para a administração de questões como a erradicação da fome e a garantia de alimentação saudável, a partir da Década de Ação pela Nutrição de 2016 e 2025, e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, que envolvem vários países”, disse Margareth Chan. Ela, ainda, parabenizou o Brasil pela recente saída do país do Mapa da Fome.
Atualmente, um terço das crianças de 5 a 9 anos; um quinto dos adolescentes e mais da metade dos adultos em todo o mundo está com excesso de peso. Esses dados resultam em um aumento das doenças crônicas, que estão entre as principais causas de mortalidade e adoecimento. Além disso, é crescente a substituição dos alimentos básicos por alimentos ultraprocessados, com o consumo excessivo de sódio, gorduras e açúcar.
O Brasil tem trabalhado para conter esse avanço. Em julho deste ano, o Ministério da Saúde assinou portaria em que garante que nenhum recurso da pasta seja empregado para aquisição de alimentos não saudáveis, iniciativa que será ampliada para todas as instituições do Sistema Único de Saúde. O material abrange tanto as refeições disponibilizadas no restaurante do ministério quanto nas cantinas e as refeições dos eventos realizados pelo órgão. A medida prevê o incentivo ao consumo de alimentos in natura e proíbe a venda, promoção, publicidade ou propaganda de alimentos industrializados ultraprocessados com excesso de açúcar, gordura e sódio e prontos para o consumo.
Obesidade
No Brasil, 33,5% das crianças de cinco a menores de nove anos apresentam excesso de peso, de acordo com a Pesquisa de Orçamentos Familiares, POF 2008-2009. O mesmo percentual atinge os adolescentes brasileiros de 12 a 17 anos com sobrepeso (33,5%), sendo que 8,4% estão obesos, segundo o Estudo de Riscos Cardiovasculares em Adolescentes, ERICA -2015.
Dados da Pesquisa Nacional de Saúde, 2013, apontam que 56,9% dos adultos com 20 anos ou mais estão com excesso de peso. O percentual é maior entre as mulheres, 59,8% e entre homens 57,3%. Quando avaliados dados de obesidade, 20,8% dos adultos estão obesos. Sendo 17,5% entre os homens e 25,2% nas mulheres brasileiras.
Desnutrição
De acordo com os dados da Pesquisa Nacional de Demografia – PNDS 2006, 7% das crianças menores de cincos apresentam desnutrição crônica (déficit de altura). Quando verificados dados de crianças de cinco a menores de nove anos 4,1% apresentam desnutrição aguda (POF 2008-2009) e 6,8% das crianças apresentam desnutrição crônica.
Fonte: MS
Redação Saúde no Ar*
João Neto