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Aristides Maltez, um homem, um legado

Nesta segunda-feira (31.08.2015) fazem 133 anos do nascimento do professor Aristides Maltez, fundador da Liga Baiana contra o Câncer, e, uma das maiores referências do país nessa área.  O professor Aristides Maltez morreu em janeiro de 1943, com apenas 61 anos de idade, sem chegar a ver o  Instituto do Câncer da Bahia, idealizado por ele,concluído. Ao inaugurar o instituto em 2 de fevereiro de 1952, seus amigos e colaboradores acharam que nada poderia ser mais justo do que dar o seu nome à instituição, o primeiro hospital na especialidade – tratamento do câncer – no Brasil, que atua até hoje, sem jamais ter deixado de funcionar.

Titular da cátedra de Ginecologia da Faculdade de Medicina da Bahia, o professor começou a se interessar pela doença ao ver o sofrimento de mulheres pobres com câncer uterino desassistidas pelos poderes públicos. Começou então uma campanha junto á sociedade baiana para criar um Instituto de Câncer. Os primeiros passos foram dados na manhã ensolarada de um domingo, 13 de dezembro de 1936, no Hospital Santa Izabel, da Santa Casa de Misericórdia da Bahia quando, com 52 abnegados companheiros, fundou a Liga Bahiana Contra o Câncer, a segunda entidade, em todo o Brasil, com o propósito de  lutar  contra a doença.

Intervenção providencial

A campanha estava em andamento quando em 1939, ele  foi chamado a realizar uma intervenção cirúrgica delicada no Interventor do Estado da Bahia, Landulpho Alves de Almeida. Cirurgião brilhante, Maltez salvou a vida do interventor e recusou-se a receber seus honorários e disse ao político:  “Se alguma coisa queira V.Exª fazer por mim, faça pelos cancerosos carentes e ajude-nos a completar os recursos que a Liga Bahiana Contra o Câncer possui, para a construção do Instituto de Câncer da Bahia”.

Logo, o Interventor Landulpho Alves determinou a emissão de bônus do Tesouro Estadual no valor de $103,50 contos de reis que se juntaram aos $196,50 contos de reis obtidos em campanhas através de quermesse, chás e outras atividades sociais da época. Conta a história que os recursos conseguidos permitiram adquirir a Chácara Boa Sorte, no bairro de Brotas, onde, em 20 de outubro de 1940, foi lançada a pedra fundamental do Instituto de Câncer da Bahia. Na ocasião, o Prof. Aristides Maltez enfatizou o seu compromisso com os carentes e os desvalidos, ao destacar, em seu discurso: “A semente do carvalho está lançada. A sua sombra não será, porém, mais para mim, servirá, sim, para dar abrigo aos cancerosos pobres da Bahia”.

O hospital , que hoje é dirigido pelo filho do seu idealizador, o médico Aristides Maltez Filho, adquiriu uma posição de inquestionável destaque no cenário nacional na luta contra o câncer, tendo se tornado um centro de excelência, rigorosamente dentro dos preceitos do seu fundador .

Atualmente possui 218 leitos, dos quais 10 da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) humanizada e 18 da Unidade de Oncologia Pediátrica. Tem um movimento diário de 3.000 pessoas em seus ambulatórios, com uma clientela 100% de pacientes do SUS. Além de ser uma das instituições mais queridas pelos baianos, lidera o ranking nacional em cirurgias oncológicas, atendendo a todos os que o procuram com um atendimento humanizado e solidário, diferenciado nos vários serviços prestados como oncologia, pediatria, psicologia, fisioterapia, e farmácia. Possui ainda um departamento de ensino e pesquisa atuantes, seja com residencia médica, especializações e pesquisas

O legado do pai foi continuado pelo filho e o hospital passa por um processo de modernização continuada, sendo considerada a instituição com maior serviço de radioterapia do Norte/Nordeste, atendendo praticamente todos os municípios da Bahia e de estados vizinhos, como Sergipe, Alagoas, Pernambuco, Paraíba, Pará, Maranhão, Espírito Santo e Minas Gerais. Realiza uma média de 3.200.000 procedimentos anuais.

A.V.

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